“Sempre acreditei ser bissexual, sempre tendo mais relações com homens do que mulheres mas, após os difíceis e fracassados relacionamentos com homens (alguns abusivos, outros extremamente imaturos e ainda a questão de se colocarem na postura de caçador e eu de presa) passei a me relacionar mais frequentemente com mulheres. Sinto muita atração pelo sexo masculino, mas como sempre me decepciono, tenho sentido mais vontade de me relacionar com mulheres. Porém, não me identifico como lésbica e tenho muita dificuldade em assumir essas relações, que causam mágoas nas parceiras quando me relaciono com lésbicas. Com bissexuais é mais fácil, elas entendem e também na maioria das vezes não querem assumir nenhum compromisso.
O fato é que, estou querendo um relacionamento, um par para compartilhar a vida comigo e aí entra a dificuldade, não conseguir estreitar relações de amor e afeto com nenhum dos gêneros.
Não sei nem qual pergunta lhe fazer, apenas levanto a questão para que talvez possa me ajudar a compreender melhor o que está acontecendo.
Desde já agradeço se puder me responder”.

Cara leitora, você traz questionamentos extremamente importantes que ao nosso ver não envolvem conceitos sobre orientação sexual, mas sim, qualidade de relacionamentos e perfis de personalidade de pessoas que independem do gênero ou orientação sexual.

Estamos envolvidos com uma realidade em que, de uma forma geral, as pessoas estão pouco cuidadosas umas com as outras, fazendo com que tudo seja possível ou permitido, independentemente da vontade ou interesse do outro ou do próximo.

Diante destas condições acaba-se violando uma regra fundamental de interação e convivência social que é o RESPEITO, que tanto se propaga e pouco se pratica. Vivemos uma realidade social em que muito se fala sobre, com grande valorização e que na prática pouco se traduz. Com a falta de respeito estendemos para falta de educação, gentileza, cortesia, cordialidade, simpatia, bom humor, enfim inúmeras condições emocionais e relacionais que podem fazer toda a diferença na vida de cada pessoa bem como da sociedade.

Você está falando de características individuais que acabam dificultando o seu relacionamento com seu par do sexo oposto e que não deveria interferir quanto à sua orientação, mas fato é que acaba, afinal ninguém gosta de ser mal tratado, ignorado ou por vezes com sentimentos parciais, em que o envolvimento maior não acontece por dificuldade ou desinteresse do outro. Sabemos o quanto a frustração, decepção e mágoa destroem nossos impulsos de tesão e desejo.

Esta situação acaba fazendo com que busquemos estar com quem possa oferecer melhor qualidade de sentimentos, afetividade e consequentemente companhia e parceria agradável; e se você encontra isso com outra pessoa do mesmo gênero ou no oposto, vai naturalmente rumando sua atenção para esta pessoa, que é o que deve estar vivendo, ou seja, tendendo conviver mais com pessoas do mesmo gênero.

TALVEZ, essa situação esteja mais gerando dúvidas ou conflitos, daí sua dificuldade em se envolver ou se entregar mais intensamente, o que a meu ver faz parte de um processo natural de evitação do que seja negativo ou desinteressante em prol de alguém mais dentro do que deseja ou idealiza.

Diante disso o mais importante não é ficar preocupada ou estressada, mas sim como você está processando a sua situação, compreendendo e assimilando tudo o que esteja acontecendo, para que desta forma possa ter tranquilidade e serenidade para fazer as suas melhores escolhas; e assim poder viver o que quer que tenha que viver, bem e prazerosamente. Portanto viva e seja feliz, ame e transborde seus sentimentos!

foto: Kyle Broad