Chegamos à metade de 2020: lunação canceriana com a presença de dois eclipses, um Solar na Lua Nova, no dia 21/6, e outro Lunar na Lua Cheia, em 05/7. O planeta Mercúrio, responsável pelo plano mental, pela comunicação, trocas, e articulações, retrograda em Câncer até o inicio da Lua Minguante, abrindo em nós o diálogo com o passado, trazendo memórias que revelam sentimentos e despertam ações. Mercúrio nos convida a olhar para trás e extrair o aprendizado que completará a nossa ação. Se me permitem, vou colar o trecho do nosso ultimo texto de 2019 publicado aqui. Esse movimento é valioso, ainda mais por encontrar palavras tão certeiras sem ao menos saber o que de fato nos aguardava, e por chegarmos numa lunação exatamente oposta à daquela ocasião, mostrando que estamos num ponto de culminância:
“É preciso curar o passado para colher o futuro. Esse é o nosso trabalho em 2020. Que não pretende ser um ano fácil, mas promete uma grande virada de consciência em escala planetária. O momento é especial. A segurança baseada na dominação e opressão pelo materialismo inconsequente e os fundamentalismos estruturais do capital e do patriarcado, tem em vista seu colapso. Decidiremos, finalmente, se romperemos de vez com essas velhas estruturas hierárquicas de poder, sem responsabilidade alguma pela coletividade, ou se vamos acelerar o cronometro da grande bomba relógio que se tornou o nosso planeta, por conta da exploração desenfreada e concentração de recursos nas mão de uma minoria criminosamente privilegiada.”
Desde então, um outro eu nasceu e ainda está nascendo, pessoal e socialmente falando. Um eu composto de luz e sombra, pois é nascido da interação entre as polaridades e não da subtração de qualquer um dos pólos. Precisamos, urgentemente, entender o paradoxo como fundamento de toda a experiência, e aceitar o fluxo continuo da troca entre o yin e o yang, no mundo e em nós.
Enquanto há disponibilidade ao aprofundamento de dores e feridas expostas pela inadequação da nossa força impositiva frente aos acontecimentos, também atua a benção da cura através da harmonia entre o desejo e a ação. Estamos diante de um mês com potencial de suspender ou alterar, momentaneamente, ainda mais as nossas atividades de rotina, seja na direção do que chamamos aqui de progresso, entrando em contato com pessoas e atividades que despertam a assertividade e o prazer da direção que tomamos, ou a frustração pela aceleração da desintegração do velho mundo ao qual já não podemos nos agarrar ou levar adiante.
Vênus em sua posição atual em Gêmeos revela que estamos aprendendo e amadurecendo o amor e a nova forma de relação cotidiana imposta pelo nosso tempo. E a interação entre Marte e Venus vem nos dando algum alento a maior marte do tempo, seu relacionamento indica a possibilidade de cooperação mútua e relação de confiança entre as polaridades, e que, antes desse ser um processo fechado, estamos abertos à novas descobertas, à novas criações, novos relacionamentos, novas formas de vida criadas a partir da conexão com as raízes da nossa casa astral.
Esse ano temos duas Luas Novas no signo de Câncer, uma no início da lunação, no grau zero e outra no final, no grau vinte e oito, fortalecendo as nossas atividades geradoras e doadoras de vida.
Quando falamos em Câncer, o caranguejo do zodíaco, a primeira coisa que geralmente lembramos é da sensibilidade, imaginação e instinto de proteção de seus nativos. Muitas vezes reconhecemos o canceriano por uma certa timidez e/ou um excesso de choramingo que cultivam diante da insegurança que sentem, mas demonstram corajosamente ao pedir abrigo, seja lá onde for.
Sob a regência da Lua, Câncer é a energia e a sensibilidade do zodíaco inteiro, é a água cardinal que inicia todas as vidas, por isso dispõe de todas as fontes e formas de todos os signos, para criar nossa casa, nosso templo físico e astral, um lugar constantemente construído por nós, que deve nos fornecer proteção e segurança. Câncer, quando experimentado no nível da personalidade, dispensa sua energia no sentido da preservação e conservação, mas no nível da alma, é a conexão com o astral, nosso corpo eterno de luz. E nós trabalhamos, incessantemente, através das vidas, projetando, construindo e nutrindo esse lugar que é nosso, mas também coletivo. E faz parte da missão de cada um de nós a consciência da própria luz e do poder da criação, direcionando a preservação e construção da nossa casa para o bem comum dos povos, das espécies, do próprio universo.
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