Essa é a minha época favorita do ano, o amor está no ar, as pessoas parecem estimuladas a serem mais generosas, a beleza está espalhada por árvores, laços e bolas coloridas. Os termômetros de verão estão medindo calor intenso, mas a gente vê tanta neve falsa nos enfeites que até se sente menos quente. Tem música tocando em todos os lugares, crianças correm felizes pelo shopping por que viram o Papai Noel, parece que todo mundo, ou, pelo menos, a maioria, realmente foi tomada pela magia do Natal.
Eu, pessoalmente, sinto-me numa versão Latino Americana da Mary Poppins, só que, ao invés de ter a bolsa cheia de maravilhas, a minha está cheia de bugigangas, bagunças e contas. Mesmo assim, eu enfeito a casa toda, não sobra nenhuma mesa, porta, ou cantinho que não anuncie o Natal. Faço biscoitos, bolo de tronco, presunto com mel e cerveja preta e faço isso cantando músicas natalinas e vendo filmes água com açúcar sobre Natal, enquanto bebo o resto da cerveja da receita.
Sobretudo tento me manter naquela vibração natalina! Às vezes, interrompida quando chega um boleto, que, aliás, não combina nada com o clima, acho até que deviam levar o populismo a sério no Natal e dar um abono de telefone, luz e gás, uma espécie de presente de Natal e só voltar a cobrar em janeiro.
Fico pensando que mágico seria se o cartão me ligasse dizendo: você bateu sua meta, comprou até o limite, vamos te mandar um presente caro. Mas, sejamos realistas, não vai acontecer. Vou manter a positividade lendo todas as coisas lindas que a generosidade alheia faz no Natal, como o projeto de escrever cartas para pacientes internados, presentes para crianças órfãs e tantas outras coisas que fazem essa época trazer uma atmosfera única ao ano.
Não importa se Papai Noel já foi Odim, ou São Nicolau, ou se um dia já se comemorou a saturnália neste mesmo dia. O que importa é todo amor e alegria, que independente de religião e credo, se vive em quase todo planeta no tempo do Advento, um tempo de preparação e felicidade, onde esperamos o Nascimento de Cristo, de forma realmente humana, promovendo a fraternidade e a Paz, e tudo bem, eu sei, comercializamos um pouco, compramos presentes, mas não acho que Jesus ia se aborrecer com isso. Porém, por falar em credo, não podemos esquecer o credo dos chatos. Tem gente que odeia Natal por que sabe que vai encontrar aquelas serpentes fantasiadas de parente para dividir o peru e o presunto e perguntar quando você vai casar e se for casada quando vai ter filhos; ou quando vai ter mais filhos; ou quando vai ganhar mais dinheiro; ou se a sua empresa deu certo; ou passa por você caindo de boca naquele Panetone de chocolate e pergunta quando você vai finalmente emagrecer para o verão… e acabou o seu advento!
Tem também o chato dos olhares e das alfinetadas, o chato hipócrita que sempre acha que não fez nada demais, só aquele primo legal percebe, e se você reclamar, o resto da família vai te achar a (o) louca (o) do Natal. Mas, só ele sabe da sua felicidade escorrendo igual veneno pelo canto da boca e, aliás, foi na festa para receber o espírito do Jack Frost (um Elfo encarregado de trazer a neve e a geada no Natal) e gelar o seu natal.
Bem, sempre quis escrever um texto de autoajuda, então, aí vai: não deixem estragarem a sua Noite Feliz, ache um jeito de mandar para o saco do papai Noel essa gente. Comece o ano com a meta de ser proativo e puxe uma discussão sobre uva-passa, ou a terra plana; treine o seu olhar mortal 43 de bruxa verde do Oeste com nojo; ou mande encher o saco de outro por que você só está aberto a receber presentes nessa noite. Mas, sobretudo, faça o bem e leve amor para alguém e conte alto toda vez que te perguntarem algo que acabe com sua alegria. Não, não é para se mostrar, mas para dar perspectiva ao chato do Natal, que mais de um terço da população do planeta não vai comemorar (guerras, refugiados, pobreza…) e termine a história com: e você fez o que nesse Natal?
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