A Biodanza não é somente um conjunto de exercícios com música ou um sistema convencional de expressão das emoções, mas, sim, uma nova visão da Vida, um processo de desenvolvimento humano, de integração da identidade, de transformações internas e desenvolvimento das potencialidades humanas. Trata-se de aprender a “dançar a vida” e descobrir o “prazer de viver”. (Rolando Toro, criador do Sistema Biodanza)

Meu propósito era entrevistar Leila Almeida, que atua como facilitadora de grupos de Biodanza desde 2004. Durante a entrevista, a surpresa: seu depoimento foi tão poético e amoroso que resolvi transcrevê-lo na íntegra.

Biodanza, a terapia do Afeto

“Temos uma sociedade muito desenvolvida tecnologicamente, mas em matéria de amor estamos na Idade da Pedra.

Precisa-se reaprender a amar, a transformar o amor em gesto, em ação, e a Biodanza facilita a viver esse amor com outra pessoa e, ao se relacionar, se perceber como ser atuante.

Quando falamos de identidade saudável, quando falamos de um caminho, sair do eu, para o nós. Sair das relações coisificantes para vivenciar relações plenas e verdadeiras. Para isso, é preciso experimentar.

A Biodanza é um renascer dos nossos restos despedaçados, uma transformação de nossos gestos mecânicos e vazios para gestos plenos de sentido, intensos e amorosos. O amor se transforma em ação.

Cada um tem a sua identidade e cada identidade apenas se manifesta na presença do outro. Não podemos ser humanos sozinhos. E falo de nós. Entre o meu eu e você existe o nós. E nesse entre é preciso aprender a se relacionar, se colocar, se olhar, de maneira intensa, e não mecânica.

Ao reaprendermos a nos olhar sem ameaças, nós vamos nos desarmando. E, quando estamos desarmados, ficamos propícios ao amor, ao presente. Recuperando nossa identidade saudável e podendo, assim, refazer nosso percurso, livre dos padrões de comportamento que trazemos talvez desde a mais tenra infância.

Quando nascemos, nasce um presente: ganhamos um nome, ganhamos roupas e vão nos mostrando o que somos. Certo dia, nos tornamos um monte de papel de embrulho se olhando no espelho e chega um momento em que o presente está tão escondido no que foram nos indicando como ser e como agir, que não conseguimos enxergar o nosso eu original. O presente.

Então, é chegado o momento de se olhar, se redescobrir, entender quais papéis você precisa rasgar e com quais você precisa continuar, pois te servem, te cabem, são você.

E, nesse desnudar-se, se recupera a capacidade de estar presente com esse outro que te confere a existência, com esse outro que faz com que você exista. Pois só existo se tenho outro olhar pra me ver. Essa recuperação da relação com o outro e com a vida faz com que o amor se torne uma coisa simples no dia a dia.

Rolando Toro dizia: “Se você quer ser amado, ame. Seja você o amor, sem esperar nada em troca. Apenas ame, e o amor voltará para você. O mais alto nível que o ser humano pode chegar é pelo amor. É preciso coragem para se maravilhar com a gente mesmo, com a vida, e exercer esse maravilhamento na nossa relação com o outro”.

Isso está no dia a dia, e você é quem qualifica o seu dia.

Devemos começar a exercer o amor dentro de um dia, e nossa oportunidade de exercer esse amor com plena consciência é colocar sabor, cor e aroma no dia a dia. É se propor a recuperar a poesia da vida e se lançar num mundo onde eu e você somos nós e precisamos um do outro para existir e seguir adiante.”


Leila Almeida atua como facilitadora de grupos de Biodanza desde 2004. Também exerce a função de Professora Didata, formada pelo próprio criador do Sistema Biodanza, Rolando Toro Araneda, atuando na formação de novos profissionais de Biodanza.

Nutre paixão por literatura, mitologia, histórias e gente. Desenvolveu o projeto Pílulas da Biodanza para divulgar e desmitificar a Biodanza para o grande público.

Mais informações: biodanzacarioca.com.br

(21) 98862 5333