Que Comece a Alquimia!

Uma reflexão sobre os símbolos e a simbologia dos Reis Magos para enfrentar o nosso novo tempo.

Este ano refleti muito sobre os Reis Magos. Podia dizer que é porque meu aniversario cai neste dia; ou porque os astrólogos dizem que este ano é de Vênus e é muito provável que os Reis Magos, fossem astrônomos, ou astrólogos, uma ciência comum no tempo antigo, e, que a estrela que seguissem, fosse na verdade Vênus. Por coincidência, dizem os astrólogos, que esse é o ano de vênus. Também podia dizer que é porque adoro festas de fim de ano. Mas, na verdade é porque este significado que eles nos trazem é muito importante para 2021.

A história bíblica trata de pessoas que com base na sua fé e conhecimento seguem um sinal até seu sonho, sua visão, sua expectativa. Não sabem com certeza se vão encontrá-lo, ou se vão sobreviver a jornada, mas se entregam a ela e chegam diante de um dos maiores milagres da nossa história, num lugar totalmente inesperado. Seguir nossos sonhos, através do próprio conhecimento, até lugares inesperados, usando a força do espírito, é algo muito importante nesse novo normal. E para você o que te aponta caminhos? A quem ou o que você vai seguir?

Seguir nossos sonhos, através do próprio conhecimento, até lugares inesperados, usando a força do espírito, é algo muito importante nesse novo normal

Porém, também tenho outro motivo para refletir sobre os Reis Magos, recebi um texto sobre a simbologia desses personagens, da especialista em Jung Elizabeth Cotta Melo, que falava do “ significado alquímico do Rei e da transformação necessária ao longo de nossa vida: aprender a ser responsável por nossa história, nos coroarmos com o ouro alquímico e com o protagonismo de buscarmos ser mais inteiros. ” Lembrando que o ouro alquímico é o resultado da transmutação de metais grosseiros em ouro, por um processo de enobrecimento do material, mas que sempre dependerá da transformação do próprio alquimista, para alcançar o segredo daquele processo, ou seja, na transmutação dos metais grosseiros do ser até transformar-se no puro ouro do espírito.

O ouro alquímico sempre dependerá da transformação do próprio alquimista para alcançar o segredo daquele processo de transmutação dos metais grosseiros do ser até transformar-se no puro ouro do espírito

Também tem outras simbologias para as quais carrego minha própria interpretação ao longo de anos comemorando a data: o incenso que queima e a fumaça sobre até o alto, fala da conexão entre nós e o sagrado, o que está acima, a espiritualidade, e da necessidade que temos de lidar com a vida para além da matéria.

A Mirra é a que mais me fascina de todos os presentes que os Magos carregam. A mirra era usada com fins terapêuticos para sanar dores e sangramentos e também estava presente em rituais funerários. Foi um dos elementos utilizados no ato do sepultamento de Jesus. Os egípcios já a usavam para cultuar Rá e como ingrediente na mumificação. Até o século XV, continuou sendo usada como incenso em funerais e cremações.

Porque alguém traria um presente tão amargo, no momento de nascimento? O presente da mirra simboliza que aquele Rei Divino também é verdadeiramente humano. O ouro era um presente para os reis, o incenso para os sacerdotes e a mirra para os profetas. Porque o profeta é aquele que apesar da dor e da morte, caminha em conexão com o que lhe é sagrado. A mirra que unge os corpos mortos, também unge os vasos no templo. Ela nos fala da experiência da transcendência; das travessias ; da alquimia que é transformação de estados de um simples vaso à um vaso preparado, mas principalmente a de sermos vasos ungidos seja para uma vida mais sagrada, seja para outro mundo.

A palavra “mirra” deriva do aramaico “murr” que significa “amargo”. Pode ser um ato profético , que significava a taça amarga que Jesus beberia pelos nossos erros e limitações e por tudo que nos afasta do sagrado, mas também nos lembra que mesmo onde há ouro e incenso, também há amarguras e que elas fazem parte da vida.

Acho que o tema central que a simbologia dos Reis nos traz é a ideia do caminhar para o surgimento do novo e do inesperado, fora do planejado. Algo que nesses novos tempos, será fundamental. Para os que não se sentem prontos que comece a alquimia!