O livro “Teatro das Oprimidas: estéticas feministas para poéticas políticas”, Editora Casa Philos, 2019, apresenta a história do surgimento e da expansão da Rede Ma(g)dalena Internacional, de artistas-ativistas da América Latina, Europa, África e Ásia. A rede foi e segue sendo impulsionada pelo desenvolvimento do Teatro das Oprimidas, metodologia teatral de perspectiva feminista. As protagonistas dessa obra são ativistas que, como praticantes e integrantes do movimento internacional de Teatro do Oprimido, a partir de seus lugares de existência e de resistência, decidiram implementar estratégias antipatriarcais na práxis do método. O livro brinda leitores e leitoras com um vasto arsenal de exercícios, jogos e técnicas inovadoras, trazendo exemplos práticos de aplicação da metodologia e de atuação articulada em rede. A autora analisa os problemas enfrentados e os avanços políticos e metodológicos de uma década de atuação, destacando as questões que seguem desafiando o Teatro das Oprimidas, uma experiência estética que visa a investigação e a superação das opressões enfrentadas pelas pessoas que são socialmente percebidas como mulheres.

A autora, Bárbara Santos, radicada em Berlin desde 2009, está no Rio de Janeiro para lançar seu terceiro livro “Teatro das Oprimidas: estéticas feministas para poéticas políticas”, pela Editora Casa Philos.

No início do mês de julho o livro foi lançado durante a programação oficial da FLIP 2019, em Parati. Nesta sexta-feira, dia 26 de julho, às 19h, o livro será lançado na sede do Centro de Teatro do Oprimido. O lançamento terá com abertura a apresentação da performance “Ancestrais”, pelo Coletivo Madalena-Anastácia, em seguida Bárbara Santos fará a apresentação do livro, conversando com o público. Durante a noite de autógrafos haverá um Sarau feminista intitulado “mulheres e suas narrativas poéticas”. No dia 6 de agosto, o livro será lançado durante a JITOU – Jornadas de Teatro do Oprimido e Universidade, em Salvador.

O Teatro das Oprimidas surge como resultado da necessidade de desenvolver produções teatrais, nas quais as mulheres não sejam culpabilizadas pelas violências machistas que enfrentam, e de ampliar a participação de artistas-ativistas como facilitadoras desses processos de produção e do diálogo com o público nas sessões de Teatro Fórum.

Por um lado, o Teatro das Oprimidas aprofunda a perspectiva subjetiva do problema para explicitar a complexidade das personagens e, por outro lado, prioriza a inclusão da estrutura social na encenação, a fim de revelar os mecanismos de opressão que sustentam o sistema patriarcal.

Se o Teatro do Oprimido representou uma revolução na forma de conceber e implementar o fazer teatral, o Teatro das Oprimidas constitui a revolução dentro da revolução. Uma metodologia que surgiu de dentro de outra metodologia para aprofundá-la, ampliá-la e também para questioná-la.

No Teatro das Oprimidas não se questiona apenas o caráter singular e masculino “do Oprimido”, busca-se a superação da abordagem individualista na representação cênica por meio da problematização do contexto social que limita (e muitas vezes impede) as escolhas pessoais das oprimidas.

Nesse sentido, o Teatro das Oprimidas, como processo estético e político, relativiza a importância dos comportamentos individuais na encenação, a fim de jogar luz nas variáveis que interferem na situação, independente das decisões particulares da protagonista. Nossa metodologia de trabalho visa desenvolver a perspectiva artística e a abordagem estrutural em produções teatrais, por meio de estéticas feministas.

A autora

Bárbara Santos é uma das idealizadoras e principal difusora do Teatro das Oprimidas. A autora é fundadora e referente artístico-metodológica da Rede Ma(g)dalena Internacional, composta por grupos feministas da América Latina, Europa, África e Ásia. No Brasil, atua como consultora do Centro de Teatro do Oprimido, editora da revista METAXIS e como diretora artística do grupo Cor do Brasil e do Coletivo Madalena-Anastácia. Bárbara tem 29 anos de experiência ininterrupta com o Teatro do Oprimido, em mais de 40 países.  É autora de“Teatro do Oprimido, Raízes e Asas: uma teoria da práxis”, lançado em português, 2016, em espanhol, 2017, em italiano, 2018 e em inglês, 2019. O segundo livro da autora “Percursos Estéticos: abordagens originais sobre o Teatro do Oprimido” foi lançado em português, 2018. Bárbara Santos vive na Alemanha desde 2009, onde é diretora artística de KURINGA – espaço para o Teatro do Oprimido em Berlim e do grupo Madalena-Berlim. Idealizadora e coordenadora do Programa KURINGA de Qualificação em Teatro do Oprimido, que teve avaliação externa da Universidade de Bologna, integra a ITI Alemanha (International Theatre Institute of UNESCO). Como autora e diretora, tem se destacado por produções artísticas que abordam temas contextuais (capitalismo, racismo, machismo, migração, etc.) e pela pesquisa de formatos coletivos para a intervenção da plateia no Teatro Fórum. Como atriz, fez Filomena, no filme “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão”, de Karim Aïnouz, ganhador do Grand Prix, melhor filme, da mostra Un Certain Regard, do Festival de Cannes, de 2019. Como performer, em Travessia, investiga a conversão do corpo cênico em corpo político. De 1990 até 2009, Bárbara Santos foi colaborado do teatrólogo Augusto Boal, coordenando projetos do Centro de Teatro do Oprimido, no Brasil e no mundo.

Saiba mais sobre o Teatro das Oprimidas: Entrevista: Coletivo Madalena Anastácia e Madalenas Rio: o legado de Augusto Boal