Após internações em clínicas psiquiátricas, o jovem escritor brasiliense João Pires da Gama lançou o seu 2º livro: ‘Para todos os corações selvagens’
O escritor brasiliense João Pires da Gama poderia ser apenas mais um jovem de 25 anos pelo Brasil afora. Mas, além disso, mesmo com pouca idade, tem na bagagem uma vivência sofrida que lhe trouxe hoje grande amadurecimento, impresso em seus livros. Sua 2ª experiência na literatura está em “Para todos os corações selvagens” (Editora Multifoco), poemas inspirados na trajetória da sua quarta internação psiquiátrica.
Nada de drama: “a escrita salva, ela limpa, tira toda a carga pesada e constrói em linhas trágicas, porém belas, todo o universo antes enclausurado, assim que pensa o jovem que quer continuar escrevendo para manter a saúde mental.
Seu novo livro, que escreveu dentro da clínica psiquiátrica Saint Roman, em Santa Teresa, só se encerrou após um ano, quando fez a escolha dos 15 poemas, entre muitos. “Para todos os corações selvagens” retrata a sua instabilidade de humor, já que sofre de bipolaridade e da síndrome Borderline. “Foi o meu pedido de socorro, pedido de ajuda em um mês internado e com muita introspecção. É um livro obscuro, mas que pode servir de exemplo para outros jovens que passam por problemas psiquiátricos.”
Por conta de suas questões pessoais, João se envolveu com drogas e bebidas alcoólicas, fato que o levou dez vezes às clínicas psiquiátricas. Entre essas temporadas de idas e vindas, ele descobriu a fantasia de ser muitos em apenas um corpo, uma mente, Numa escrita múltipla. A literatura o faz perceber a verdadeira sanidade mental quando o inspira a usar sem dores toda sua realidade.
“Nos mistérios do mundo: uma freira e sua solicitude alegórica. Uma tarde de verão com vinho e queijo, uma melancolia intragável, porém bela. Uma clínica psiquiátrica para doentes mentais e a visão de um castelo das redondezas. Pode ser ruim, sim, mas é o que tenho e se tenho um coração selvagem é por que vou fundo e meus dias são intensos e amalgamáveis. Cores raras, taciturno, não há mais predileção pelo bárbaro e a freira assiste caída no pódio, não haverá mais sacrifício. O livro é assim, um recorte, uma diligência, um alarde”, elucida o autor, que, além de escrever também dá consultas de tarot.
Sobre o autor:
João Pires é um homem feito? Não, só se for de colagens. No seu livro “para todos os corações selvagens”, ele se elucida em terras de sonhos, fantasmas, santos, putas e doces mazelas. Ele é um viciado por natureza que levanta a bandeira de todos os marginalizados. Ele é o que é por ser assim tão completamente irretocável e transmutável. Seu apelo é pop. Sua vida um marasmo de anfetaminas. Seu livro um prazer como se escrito em corpo livre sobre papoulas e outras drogas. A ira talvez seja o poema mais forte e cobiçado por ele. Ele se desnuda em sua sexualidade quase violenta e fatal. Ele é um belo roseiral. Ele é intenso, inefável. Sua dor é a dor do mundo. A bebida necessária é sua desgraça. As clinicas psiquiátricas foram como tatuagens marcadas à brasa na pele e ele as sente todos os dias. João é o seu nome. Ele é uma verdade tanto quanto é uma mentira.
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