O Teatro II do Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, recebe de 12 de março a 20 de abril, quinta a segunda, às 20h, o espetáculo “Pá de Cal (Ray-lux)”, com dramaturgia inédita do premiado autor Jô Bilac, direção de Paulo Verlings e os atores Carolina Pismel, Isaac Bernat, Orlando Caldeira, Pedro Henrique França e Ruth Mariana no elenco. A trama gira em torno da morte do membro mais jovem de uma família e de como serão terceirizadas as responsabilidades nas decisões seguintes ao trágico acontecimento. O projeto tem patrocínio do Banco do Brasil através da Lei de Incentivo Federal.

“Pá de Cal (Ray-lux)” é o novo espetáculo da Cia Teatro Independente, que em 2020 completa 14 anos de existência.

– O espetáculo narra uma relação “familiar” por uma perspectiva diferente. Através das representatividades discutimos o quanto nós hoje na contemporaneidade terceirizamos nossas relações –, comenta o diretor Paulo Verlings, também responsável pelo argumento e idealização da peça. – Atravessamos questões como culpa, ausência de diálogo e afeto, a partir de um acontecimento trágico.

A expressão “Pá de Cal” quer dizer que fará uma última referência a um assunto não prazeroso. Já “Ray-lux” se refere ao nome de uma urna funerária tão cara, que custa o preço de um automóvel.

A trama de “Pá de Cal (Ray-lux)” parte do suicídio de um personagem central, ou seja, ele está ausente. O mesmo acontece com suas irmãs que mandam representantes para a reunião “familiar” na qual irá se definir o destino do pai dessa família e também o destino da mãe do morto (uma antiga empregada), que também manda seu representante. O morto também é representado por uma pessoa com quem conviveu em terras estrangeiras. Além de uma morte traumática a peça lida com a terceirização de responsabilidades e de como essas representatividades interferem na boa condução das questões. Toda a ação se desenrola na casa onde mora o patriarca, local que é foco de uma disputa pela posse, revelando interesses divergentes entre as partes. Conflitos inesperados emergem a partir desse encontro. Com o passar do tempo, as relações entre pai e seus filhos – representados – se revelam aos espectadores cada vez mais límpidas e latentes.

Com “Pá de Cal (Ray-lux)” o Teatro Independente se debruça sobre um tema delicado, mas emergencial e a favor da vida. O Brasil está na contra mão da tendência mundial em relação aos índices de suicídios. Dados da OMS mostram que por aqui as taxas de suicídio foram 7% maiores em 2016, último ano da pesquisa, do que em 2010. Já o índice global teve queda de 9,8%.

Quanto à linguagem interpretativa, o encenador Paulo Verlings juntamente com seus atores se concentram em explorar performances naturalistas, porém não realistas, com fisicalidade intensa, para que desloquem o espectador, através de uma relação estética quotidiana de ação, para o universo dos vínculos catárticos em que se baseiam as relações familiares ali abordadas.

Para a escalação do elenco a Cia pensou em arquétipos bem distintos para formar um elenco brasileiro, com muitas diversidades, personagens reais, pessoas críveis. “Colocamos em cena o retrato real da miscigenação do Brasil”, comenta Verlings.

Ao comentar a direção, Verlings diz que “cada processo é único. Os espetáculos tomam seus espaços naturalmente na minha mente e o processo criativo se dá de forma muito natural e intensa. Em ‘Alguém acaba de morrer lá fora’, também do Jô Bilac, minha primeira direção, já era uma dramaturgia que me interessava explorar esteticamente. Já ‘ELA’, com dramaturgia de Marcia Zanelatto, é um argumento idealizado por mim, por conta do meu interesse sobre a síndrome de mesmo nome. Em ‘Pá de Cal’, eu também idealizei o argumento e o Jô Bilac comprou a ideia, transcendeu e construiu uma dramaturgia potente, ágil e intrigante.”


Ficha técnica

Dramaturgia: Jô Bilac
Direção: Paulo Verlings
Diretora Assistente: Mariah Valeiras
Elenco: Carolina Pismel, Isaac Bernat, Orlando Caldeira, Pedro Henrique França e Ruth Mariana
Cenário: Mina Quental
Figurinos: Karen Brusttolin
Iluminação: Ana Luzia Molinari de Simoni
Trilha Sonora: Rodrigo Marçal
Direção de Movimento: Toni Rodrigues
Assessoria de Imprensa: Ney Motta
Programação Visual: André Senna
Fotos de Divulgação: Paula Kossatz
Direção de Produção: Jéssica Santiago
Argumento e Idealização: Paulo Verlings 
Realização: Teatro Independente e 9 Meses Produções

Sinopse

Através das representatividades a Cia Teatro Independente discute o quanto nós hoje na contemporaneidade terceirizamos nossas relações.

Serviço

Centro Cultural Banco do Brasil – Teatro II
Rua Primeiro de Março, 66, Centro, Rio de Janeiro.
Informações: 21 3808-2020
Temporada: 12 de março a 20 de abril de 2020, quinta a segunda, às 20h.
Ingresso: R$ 30 (inteira) e R$15 (meia entrada).
Vendas na bilheteria, de quarta a segunda, das 9h às 21h, ou pelo site www.eventim.com.br.
Não recomendado para menores de 14 anos.
Duração: 70 minutos