Podemos dizer que Paulinho, ou simplesmente Moska, é uma grande mistura de experiências. Quando novo, colecionava coisas dos mais diversos tipos e sem relação umas com as outras. Era uma colcha de retalhos: experimentos, cores, belezas e informações. Hoje é literalmente um homem caleidoscópio, com mistura infinita de imagens, formatos, cores e sons diferentes e em constante movimento, trazidos na bagagem de um eterno viajante apaixonado.
E, nesse roteiro de vida, o amor é seu personagem principal, fonte de estudo, investigação e experimentações. Esse romance intitulado Moska tem o amor como a matéria-prima e o ar que respira.
Transmuta e metaboliza neste sentimento de forma visceral, inspiração de canções que fazem parte da trilha sonora de muitas pessoas que sentem, já sentiram ou sentirão todas as nuances de amar e terminar uma relação, meticulosamente gravadas na sua poesia, em momentos alegres e tristes, para o despertar do que a letra está dizendo.
Ávido por novidades, com uma natureza inquieta, Moska voa em nova aventura para lapidar seu conhecimento. Aqui ele também fala da série de tv que está gravando, Tu Casa es Mi Casa, um projeto que é fruto da sua generosidade em aprender coisas importantes que possam despertar em mais pessoas a busca do conhecimento e da verdade.
“O amor não é bom nem ruim, assim como ele não está no passado nem no futuro. O amor é o agora, e está disponível para cada um de nós percebê-lo e intensificá-lo.”
Vênus
poema de Paulinho Moska
Não falo do amor romântico,
aquelas paixões meladas, de tristeza e sofrimento.
Relações de dependência e submissão, paixões tristes.
Algumas pessoas confundem isso com amor.
Chamam de “amor” esse querer escravo,
e pensam que o amor é alguma coisa
que pode ser definida, explicada, entendida, julgada.
Pensam que o amor já estava pronto, formatado, inteiro,
antes de ser experimentado.
Mas é exatamente o oposto, para mim, o que o amor manifesta.
A virtude do amor é sua capacidade potencial de ser construído,
inventado e modificado.
O amor está em movimento eterno, em velocidade infinita.
O amor é um móbile.
Como fotografá-lo? Como percebê-lo? Como se deixar sê-lo?
E como impedir que a imagem sedentária e cansada do amor nos domine?
Minha resposta? O amor é o desconhecido.
Mesmo depois de uma vida inteira de amores,
o amor será sempre o desconhecido,
a força luminosa que ao mesmo tempo cega e nos dá uma nova visão.
A imagem que eu tenho do amor é a de um ser em mutação.
O amor quer ser interferido, quer ser violado,
quer ser transformado a cada instante.
A vida do amor depende dessa interferência.
A morte do amor é quando, diante do seu labirinto,
decidimos caminhar pela estrada reta.
Ele nos oferece seus oceanos de mares revoltos e profundos,
e nós preferimos o leito de um rio, com início, meio e fim.
Não, não podemos subestimar o amor e não podemos castrá-lo.
O amor não é orgânico.
Não é meu coração que sente o amor.
É a minha alma que o saboreia.
Não é no meu sangue que ele ferve.
O amor faz sua fogueira dionisíaca no meu espírito.
Sua força se mistura com a minha
e nossas pequenas fagulhas ecoam pelo céu
como se fossem novas estrelas recém-nascidas.
O amor brilha.
Como uma aurora colorida e misteriosa,
como um crepúsculo inundado de beleza e despedida,
o amor grita seu silêncio e nos dá sua música.
Nós dançamos sua felicidade em delírio,
porque somos o alimento preferido do amor,
se estivermos também a devorá-lo.
O amor, eu não conheço.
E é exatamente por isso que o desejo e me jogo do seu abismo,
me aventurando ao seu encontro.
A vida só existe quando o amor a navega.
Morrer de amor é a substância de que a vida é feita.
Ou melhor, só se vive no amor.
E a língua do amor é a língua que eu falo e escuto.
Ouça Moska : paulinhomoska.com.br/discografia
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Fotos : Jorge Bispo
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