“Essa é minha arte, minha essência espanhola, é minha vida. Não teria como deixar de viver essa arte.”
Clarice Gonzallez é sem dúvida uma expoente do canto brasileiro. Cantora lírica mezzo soprano, tem um trabalho relevante na ópera e no flamenco. Professora de canto e também atriz, essa grande artista plural apresentará concerto com o Duo Gonzallez-Noronha, ao lado do pianista Aimar de Noronha Santinho.
Clarice e Aimar uniram-se há 5 anos como Duo e o que os aproximou foi a afinidade e a paixão por poesia, música espanhola e árias de ópera. Já atuaram em São Paulo e agora estreiam no Rio de Janeiro, no Espaço Guiomar Novaes, da Sala Cecília Meireles, no dia 19 de agosto, em concerto dedicado à canção espanhola.
A Vênus Digital conversou com Clarice sobre arte, Amor e sobre a carreira da artista empreendedora.
Vênus Digital: Como surgiu a sua paixão pela música espanhola?
Clarice Gonzallez: Eu sempre toquei música espanhola, desde criança, ouvindo canções e histórias dos meus antepassados, visitando a casa de minha bisavó espanhola. Aos 22 anos, fui à Espanha e dentro de um trem tive a visão de uma bailarina dançando e eu tocando piano. E foi lindo. Nessa época eu era apenas pianista e disse a mim mesma: “Eu vou fazer isso”. Ao chegar no Brasil, convidei uma bailarina e começamos os ensaios e apresentações, eu tocando flamenco ao piano e ela dançando. Foi o meu grande início. Eu comecei a traduzir toda a Espanha a partir disso. Essa é minha arte, minha essência espanhola, é minha vida. Não teria como deixar de viver essa arte.
“A arte espanhola se deleita muito no Amor, é passional.”
Vênus: O que é o Amor dentro da música espanhola?
Clarice: O Amor na Espanha é resoluto e denso. A música espanhola tem muita intensidade, cores fortes. Sentimos isso quando estamos dançando, quando tocamos castanholas, quando temos que bater o pé durante as melodias. Há uma amorosidade muito forte e intensa. A arte espanhola se deleita muito no Amor, é passional.
Vênus: Como é fazer arte nos tempos atuais?
Clarice: É uma missão e não encaro isso com soberba, pois, além dos desafios da própria arte, existe o movimento contra a arte atualmente; a arte naturalmente nos desafia, e temos que criar o ambiente propício para que ela aconteça. Temos que tirar o público de casa, divulgar, produzir e, se você não fizer, não há quem se disponha.
Creio que todos os tempos são difíceis, mas agora parece ser mais ainda. As pessoas precisam muito de arte, e temos que nos adaptar e realizar, levar isso para o público. Não é fácil chegar numa sala, como por exemplo a Cecília Meireles, porque chegamos e nem tudo está pronto. Os artistas têm que levar o seu público, não temos cachê, porque eles não têm verba para pagar e se não houver concertos o espaço fecha. Então, formamos essa parceria, trabalhamos sempre juntos. A arte tem que ser para todos. Se não for assim fazemos outra coisa, não arte.
BELEZA PURA !!! AMEI.