Mais do que nunca, precisamos nos comunicar de forma saudável para que respeitemos a nós mesmos, ao próximo e à sociedade. É fundamental que tenhamos uma comunicação verbal saudável para que as discussões políticas e sociais sejam específicas, com maior distanciamento pessoal e ideológico. É primordial utilizarmos conhecimento para argumentar, perguntar, responder e aprender. Ficarmos calados também é uma opção.

Ao buscarmos contato humano mais profundo com quem desejamos – sem “forçar a barra” para ambos – podemos nos sentir serenos e até amados, se houver comunicação funcional. Mesmo sem presença física. Breuer e Freud descobriram a cura pela fala em 1892, o que deu origem a Psicanálise. A Loganálise é uma ferramenta técnica de comunicação verbal e saúde psicológica desenvolvida para o dia a dia, para qualquer pessoa que não tenha transtornos mentais graves e sinta vontade de experimentá-la.

A ideia é nos permitirmos, ao menos em alguns momentos, que toda e qualquer emoção venha a cabeça, sem “ter que” acreditar nela, respeitando nossos próprios limites. É importante sentir, observar e descreve-las o mais detalhadamente possível em palavras, sem “ter que” ter razão para sentir algo. É favorável sermos mais microscópicos e tentarmos evitar generalizações (sempre, nunca). Falarmos para nós mesmos ajuda. Se temos alguém disposto a nos ler ou escutar, e assim queremos no momento, melhor ainda. Em ordem de efetividade e contato humano, a comunicação pode ser via carta, mensagem, texto, áudio, telefone, vídeo chamada e presencial. É fundamental escutarmos outras pessoas apenas quando podemos e sentimos vontade. Nós percebemos — mesmo inconscientemente — quando alguém não está atento e sentindo junto conosco. Se não estamos afim, é preferível falarmos que não podemos ou não estamos com vontade NESSE MOMENTO.

A que passo está a nossa comunicação?

Com todos os avanços científicos e tecnológicos, nossa atenção começou a se voltar para informação, saúde e bem-estar. Inúmeras técnicas de exercício físico e relaxamento, porém, seguimos nos comunicando de forma arcaica, imperativa, autoritária e acusativa, calando a boca dos outros. Esse modelo gera repressão emocional desnecessária, sintomas psicológicos, físicos e comportamentais. Nossa emoção — em primeira pessoa (EU sinto) — não costuma estar presente em nossas falas. É fácil observar a característica repressora de nosso discurso, regado a muitos “tem quês” não precedidos de desejo. Muitas vezes reprimimos “por bem”, ao fazermos convites, insistências, elogios; tentando ajudar. Fora a obrigação de estar sempre bem. — Oi, TUDO bem?

O que podemos fazer?

Segundo o Psicólogo Luis Cesar Ebraico, criador da Loganálise (Comunicação Verbal e Saúde Psicológica) é importante que nossa fala tenha a presença da primeira pessoa relacionada à uma emoção (EU sinto isso), seja microscópica (em relação à uma situação pontual) e evite generalizações (sempre, nunca, todo mundo e ninguém). Por exemplo: em vez de “VOCÊ SEMPRE grita comigo”, podemos dizer “ONTEM NO JANTAR quando você gritou comigo EU ME SENTI OFENDIDO (A).

É comum outras pessoas tentarem invalidar a nossa fala. Quando uma pessoa está fugindo de si mesma, se sente desconfortável perto de alguém existindo e dizendo como se sente.

Todos sentimos medo, reprimimos emoções e fala, o que é necessário em algum grau.

Exemplos de como tentam calar a nossa boca: MAS EU NÃO TE OFENDI, EU NÃO FIZ POR MAL, VOCÊ NÃO PRECISA SE SENTIR ASSIM.  Na primeira frase de exemplo, expusemos o que sentimos de forma localizada (microscópica), não julgamos nem demos ordens. Em relação ao último exemplo, poderíamos responder: EU NÃO ME LEMBRO DE TER DITO QUE VOCÊ me ofendeu ou fez por mal. LEMBRO TER DITO COMO EU ME SENTI OFENDIDO. EU NÃO PRECISO TER RAZÃO PARA SENTIR, APENAS GOSTARIA DE DIZER COMO ME SINTO.

Existe a possibilidade de nos sentirmos culpados ao sermos roubados na realidade factual. Emoção não se escolhe. Crítica, conselho e consolo são saudáveis quando requisitados, ou, oferecidos e aceitos antes de serem falados. Mesmo uma criança deve ter sua individualidade respeitada, nas devidas proporções de desenvolvimento. Assim como aprender um novo idioma, ou andar de bicicleta, no início precisamos praticar a Loganálise conscientemente. Após um tempo, nossa memória intelectual se consolida e a necessidade de atenção ao falar diminui. Além disso, quando falamos o que sentimos utilizamos a estratégia da psicanálise: “a cura pela fala”.

Ser racional é oposto de ser emocional?  Como perceber nosso limite de contato com as nossas emoções? Qual é a diferença entre tentar ajudar o próximo e invadi-lo para o “bem” dele? Nos vemos nos próximos textos.


Sugestões para reflexão

Texto: Como amar em tempos de corona? – Raphael Pita

Vídeo: Loganálise – Comunicação Verbal e Saúde Psicológica https://www.facebook.com/252054578228765/posts/2423002931133908/

Vídeo: O pensamento loganalitico – Luís Cesar Ebraico https://youtu.be/OBt10DInN3Y

Vídeo: A linguagem do cala a boca. – Luís Cesar Ebraico https://youtu.be/VWWDw4gIFeA

Vídeo: Verbalizar e defender-se. – Luís Cesar Ebraico https://youtu.be/bD5K6yy0o58

Vídeo: O efeito físico – Luís Cesar Ebraico https://youtu.be/mAsWpaYL0zo

Série de 7 vídeos no Instagram (IGTV): Comunicação verbal e saúde psicológica – Raphael Pita https://www.instagram.com/tv/B3u_dsWgaAJ/?igshid=g14z8js7ady2

Livro: “A Nova Conversa”. Luís Cesar Ebraico

Filme sobre as descobertas iniciais que fundaram a psicanálise: Freud além da alma https://www.professorrenato.com/index.php/filosofia/psicanalise/194-freud-alem-da-alma-filme-completo