Somos seres biológicos e sociais. Nosso desenvolvimento saudável depende da relação mente-corpo com o ambiente e com as outras pessoas. Que tal pensarmos nesta dinâmica, reagindo e agindo com mais consciência?
Nesse momento vivemos em isolamento social. Atividades intelectuais, físicas, culturais e de lazer são recomendadas, desde que respeitemos as recomendações das instituições de saúde para nossa cidade. Muitos de nós estão confinados: uns em casa a sós, outros em contato contínuo e próximo aos companheiros de lar. Praticamente todos nós distanciados de pessoas que gostamos.
Estamos mais sensíveis à percepção do amor e do desamor, e consequências no nosso nível de estresse. Casais, amigos, pais e filhos, podem fortalecer seus relacionamentos, assim como danificá-los, principalmente pela falta ou ineficiência da comunicação verbal. Agora, o amor naturalmente sentido, assim como a sua prática, são muito importantes para a nossa saúde geral. Respeito é fundamental em qualquer sentimento e momento, é pré-requisito para a prática do amor maduro e saudável. O que podemos escolher? Não podemos escolher o que sentimos, mas sim buscar domínio sobre o que fazemos, levando em consideração o impacto gerado em nós mesmos, no próximo e na sociedade. Quando temos saúde emocional e conhecimento, podemos desenvolver nossas capacidades de previsão e escolha, para ter uma vida mais longa e mais prazerosa.
Tentarmos sentir amor é como ingerirmos suplementos poli vitamínicos para melhorar a imunidade, mesmo estando saudáveis, com dieta balanceada que nos propicie as vitaminas necessárias. Muitos de nós estamos iludidos sobre decidir o que sentimos apenas intelectualmente. Vale lembrar que aqui, o ideal de razão é a integração harmônica entre emoção e intelecto. Razão não faz oposição à emoção, como na maioria dos discursos.
Em algum momento, essa intelectualização excessiva gera sintomas como os de ansiedade, angústia e depressão. Nenhum de nós se enxerga completamente nem muito menos aos outros. Enxergar um pouco mais as outras pessoas é fundamental para a prática do amor saudável. Ter um contato mais profundo e livre de julgamento moral (“bem” e “mal”) com os próprios sentimentos é fundamental para se perceber e se conhecer melhor, ter menos dificuldades para respeitar a si mesmo e ao próximo. Apenas enxergamos o próximo de forma razoável quando nos enxergamos bem, de dentro para fora.
Se nos inspirarmos em Nietzsche, ele acreditava que para termos amor próprio, seria fundamental aceitarmos e amarmos tudo o que sentimos na vida agora, sem juízo moral, inclusive o desamor. Sempre que possível afirmarmos nossas emoções e sentimentos em palavras, independente de moral, crenças e ideologias. Nos permitirmos existir inclui responsabilidade individual e coletiva sobre atos. Aqui, vemos esse ideal – um referencial que não existe de forma concreta – como um caminho para a aproximação da saúde, associado ao sentimento e prática do amor à humanidade e a natureza, com toda a verdade terrena e visceral. Podemos nos aproximar do que há de mais profundo e vazio em nós mesmos — onde nunca chegaremos de fato — enquanto indivíduo e sociedade. A partir daí, nos tornaríamos seres mais potentes e criadores na terra; menos decadentes, manipuladores e manipulados na sociedade.
“Nos amarmos” de fora para dentro engolindo frases de autoajuda nos anestesia e aliena. Tais frases simples que prometem resolver problemas complexos para toda e qualquer pessoa, ajudam o bolso de quem as vende e simplesmente alimenta o ego fragilizado (mesmo quando inflado) de quem as prega. Não há amor saudável ao próximo seguindo este modelo com seus “seja isso” e “sinta aquilo”.
Se desejamos nos conhecer precisamos mergulhar profundo em nós mesmo. Ter ao menos alguns momentos à vontade com outra pessoa para dar o mais detalhadamente possível palavras às próprias emoções, é fundamental.
Sugestões para reflexão
Texto: “Amar é uma arte”. Raphael pita
https://www.venus.digital/ciclos-do-amor/amar-e-uma-arte/
Texto: “O Conceito de Amor Fati – Nietzsche” (Blog Razão Inadequada) https://www.google.com.br/search?q=razao+inadequada+amor+fati&ie=UTF-8&oe=UTF-8&hl=pt-br&client=safari
Vídeo: “Amar é uma arte”. Erick Fromm
Vídeo: Amor Fati e Eterno Retorno
Vídeo: “Como se tornar que você é” – Nietzsche
Vídeo: A modernidade líquida – Zygmun Bauman
Livros do Nietzsche: “Além do bem e do mal”, “Gaia a Ciência Gaia”, “Assim Falou Zaratustra”, “Ecce Homo”.
Livro: “A arte de amar.” Erich Fromm
Livro: “Amor para corajosos.” Luís Felipe Pondé
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