Outro dia alguém falava sobre como a humanidade tem se comportado e, logicamente, ácidas críticas saíram deste assunto; mais reclamações do que elogios. E muitas com toda a razão.

  O mundo está mais feroz e mais violento? Não mais do que fora na idade média, onde capas e espadas, escudos e elmos eram usados para ataques, defesas e abates medievais. Hoje, apenas mudamos as armas, porém as lutas continuam as mesmas.             

Só que desta vez, gostaria de ser (um pouco) do contra: observo que as pessoas de bem, aquelas que ajudam o próximo e que realmente se importam com o outro, não fazem alardes e tampouco saem por aí bradando seus feitos. Essa massa de pessoas é incrivelmente maior do que a outra.

Gente como a gente que rala, cuida da família e dos seus, mas sem perder a empatia, reservando um tempo e um olhar para o lado. Insisto que há bondade, generosidade e beleza no ser humano. E há, também, muitas oportunidades para que ele se mostre como tal.

Gente que sai do seu conforto simplesmente para ajudar. Foi o caso daquela tia da merenda que abriu apavorada as portas da cozinha da escola de Suzano para acolher as crianças; a moça que ajudou sozinha o caminhoneiro a sair das ferragens; os bombeiros de Brumadinho que mesmo sem salário foram bravos e incansáveis; as brigadas de incêndio e tantas outras cenas lindas de compaixão que, não raro, vemos por aí.

Ocorre que isso, na minha opinião, não é valorizado o suficiente. Consumimos as informações positivas, às vezes as lágrimas, mas o mundo é rápido e somos obrigados a mudar de assunto.

Quem sabe se enaltecêssemos esses feitos ou se valorizássemos mais esses anônimos, eles não caíssem no vazio ou num esquecimento gélido. Talvez desta forma, pudéssemos contribuir de fato para a construção de um mundo melhor (embora nada nos garanta isso)…

O verdadeiro herói é aquele que não pode ou não teve oportunidade de fugir.

 Temos que acreditar no amor. Não há outra alternativa.

Ilustração: Banksy