E que o mais importante seja o amor: ele mesmo, em estado bruto, amor que está além da dimensão romântica. Amor-próprio, amor à vida, amor ao que nos fortalece e reforça nossa esperança, que nos amadurece e enche nosso peito de gratidão.

O amor por mais um dia, por mais uma vitória, um amor corajoso. Amor que não depende, mas agrega. Que não subtrai, mas soma. Amor que não oprime, mas soa feito melodia doce. Amor que respeita a individualidade antes e apesar de qualquer coisa.

Amor que nos faz tentar enxergar o Outro como ele é, muito além das distorções e anestesias da carência ou quaisquer coisas que alterem nossa percepção de mundo. Sentimento que descobrimos sem medo, à flor da pele, convictos de que temos todas as ferramentas para superar conflitos, frustrações e que podemos evoluir também no que é desconfortável.

 Amor construído para ser saudável: sem ansiedade, sem hesitação. Tranquilamente o nosso coração abraça o Outro com a sua bagagem, potenciais desenvolvidos e limitações.

E, conscientes de que o amor é nosso e o Outro o nosso foco, nos tornamos assim, um abrigo de paz. Não o único abrigo de paz, apenas mais um deles. Porque nossa vida é composta por muitas outras pessoas, paisagens, sensações que não podem ser excludentes quando decidimos viver em União e comungar com tudo. Com o Todo. Amor que nos faz querer bem e querer o Bem. Amor de se cuidar. Amor que sabe a hora também de deixar ir. Amor que tenta ser simples mesmo que não seja fácil.

Que assim seja: amor que seja sim.


Marla de Queiroz é autora de 4 livros: FLORES DE DENTRO, QUANDO AS PALAVRAS SE ABRAÇAM, AINDA É MUITO CEDO PRA SER TARDE DEMAIS e MATRIOSKA.
Para saber mais sobre a autoramarladequeiroz.com
Foto: Everton Vila