Para o tempo fecundar o amor, não bastava escolher a semente do plantio e lançá-la ao solo: era primordial paciência para se dedicar à espera da colheita. Era preciso resignação para resistir à sedução de arrancar a flor antes que esta alcançasse o alimento. E sensibilidade para saber a hora de colher o fruto sadio antes que este fosse asfixiado pela terra. Pois o amor não era só a beleza ou apenas a nutrição: era a real intimidade que o tempo promovia entre os dois.

O tempo do amor era uma equação simples: respeitar todos os processos complexos daquilo que o fértil passa até a sua fecundação. E, para que o amor tivesse o tempo como aliado e as histórias não se precipitassem imaturas ou envelhecessem antes da conclusão, era necessária alguma sabedoria para acompanhar a construção do alimento: sem o desespero dos famintos ou a indiferença dos saciados.

O amor era a semente abstrata que florescia até a consistência do fruto-poesia.

O tempo do amor era a antologia poética da nutrição.


Autora de 4 livros: FLORES DE DENTRO, QUANDO AS PALAVRAS SE ABRAÇAM, AINDA É MUITO CEDO PRA SER TARDE DEMAIS e MATRIOSKA.

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