O Amor não vacila, hesita ou complica.

Se atira livre, vai à frente e não se explica.

O Amor não pára, não se afasta, não fenece

O Amor apenas é, está e se exerce!

O amor não tenta, não espera — não precisa.

Não se conforma e ao amor, não se limita.

Ele transborda — vaza por todas as frestas.

Amor que é amor só diz que nada resta:

É sim o mesmo sim cantado dia a dia.

A permanência em eco do som da poesia.

Amor que é amor não pede tempo ao tempo!

Se solta, se liberta e se desnuda ao vento.

O amor não quer ficar falando sobre nada.

Ele consome as horas sendo ele mesmo.

Não fica andando a esmo sem achar coragem.

Se lança no agora ao ponto de chegada.

E faz com que sejamos mais do que já somos

No encontro de todas as faces que não temos

O amor quer lapidar a pedra bruta ao peito

Fazer brilhar ao sol a luz que nós queremos.

Amor não tenta, pensa, espera ou se acomoda.

Não se resume a menos do que ser o todo.

O amor só vem pra quem pode consigo mesmo

E de tanta leveza sobrevoa o abismo, o novo.


Necka Ayala é compositora, violonista e cantora. Começou a compor aos 6 anos de idade. Filha do tecladista Wilson Ayala (conjunto Flamingo), recebeu de seu pai o primeiro violão aos 2 anos. Toca de ouvido e compõe desde muito cedo.
Seu primeiro CD, Cavalo-Marinho, recebeu 3 indicações ao Prêmio Açorianos de Música de 2001, recebendo o troféu Revelação em MPB. Tendo esgotado a tiragem do primeiro disco, Necka optou por gravar um segundo CD, chamado TODO, para registrar novas composições e abrir espaço para cantores desconhecidos.
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Foto Brigitte Tohm