Despertamos para o presente do hoje. Inauguramos a eternidade do agora. Tudo em nós é afago macio, fogo adocicado pelos lábios, peles recendendo a manhãs.

(Minha retina, teu porta-retrato: tua imagem faz morada em meus olhos).

Tuas mãos calmas e firmes abrem o desejo em meus poros: num demoramento de carícias, teus dedos passeiam em meus pêlos esticando o tempo, produzindo infinitos.

Meu corpo saliva tua presença.
Intensa, tua pessoa inteira cravada em mim converte minutos a menos em perenes instantes.

Tua voz, tua fala cheia de malícias pontuais. A respiração sincopada em meu ouvido, a penetrância do teu ritmo, e o teu peito limpo,  escancarado, espaço amplo para o coração.

E o desejo impregnado na carne, no quarto. E a ternura esparramada no corpo, na cama.

Eternos, tecemos essa história lírica: ternamente linda e tão plena de amor.

 

Foto: Becca Tapert