BEIJO DE LÍNGUA
Eu elejo o beijo
a nossa mais honesta
diplomacia sem papéis.
Idioma que ligará
todas as peles
e todos os templos.
Inesperado esperanto
que deu certo.
Em prosa, em libras,
em galeanos livros
de abraços humanos
entre os generos gerais
sem os gerentes generais.
Revolução amada
que da por encerrada
a dinastia das espadas
e escudos da escada.
A palavra convertida
em coração que desafina
derruba mais cabeças
que a navalha jacobina.
Dialogamos nesse
novo mundo feito de
encontros faciais fora
das faces de redes sociais.
Na empatia
materializada em toques
entre os seres em lugares
além das telas de celulares.
E não é só beijo
romântico e erótico que nasce.
Tem também beijo de
Ubuntu e Mitakuye Oyasin.
No parto da partitura
de cifra escrita nas
úmidas junções
de quem já sabe
que aqui não cabe
códigos de Hamurabi.
Isso me sobe
o sangue quente,
não pela peleja.
Mas, para olhar
pro meu amor
e dizer: Me beija!
Pra conceber noites
solares e de manhã
descobrir que nossos
lares não são lugares
E bom dia…
Bom diAmantes, que
em correios elegantes
entrelaçam as vivências
em selinhos que revelam
as correspondências.
Nos façamos corpos
trocando gestos,
ecoando a vida vasta
pelos sábios lábios
dos pares singulares.
Te convido a conversar,
consorte ouvinte,
para receber meus versos
que nascem no céu da boca.
Não carecemos de letras!
Os signos do amar seguem
como um rio subversivo
exalando Heráclito puro
fluindo histórias interiores.
Sou você comigo em mim,
nessa comunicação que
pulsa em duas vias
de enamorados peitos
em calorosa colisão.
Te reconheço sem cartórios,
degustando territórios onde
me faço bússola sem norte
na cartografia de nós dois.
Venus
Calaremos os ruídos modernos
para sermos falantes do sentir,
desprovidos dos espetáculos
e das pirotecnias de multidões.
Pois…
É no silêncio de um beijo
que eu entendo a sua língua.
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