Como controlar a animosidade quando nos sentimos provocados, ameaçados e desrespeitados?

Como responder com consciência e alguma calma à algo que nos tira do sério?

A raiva sobe, explode e faz estragos, mas antes disso temos uma rápida opção de dominar nossos instintos e evitar selvagerias verbais e suas consequências.

Reações furiosas sempre acabam gerando alguma espécie de dor, sofrimentos desnecessários, culpa, e algumas vezes, perdas e danos.

Evitar impulsos (destrutivos), sem dúvida, pode mudar muitos destinos.

Sim, somos humanos, imperfeitos, com emoções pulsantes, mas que não devem nos dominar a ponto de mandarmos a racionalidade para o espaço. Um desabafo, uma indignação, reagir à uma injustiça, com argumentos sensatos e sem violência, vai bem obrigada, mas se pegarmos fogo por qualquer discordância, quem sai queimado somos nós, nossas relações e a nossa paz. Ninguém quer isso. A qualidade da nossa vida é responsabilidade nossa. Todos temos uma infinita força de transformação, uma chama potente que bem usada transforma chumbo em ouro. Por que não usá-la a nosso favor?

Todos nós temos uma infinita força de transformação. Por que não usá-la a nosso favor?

 

Cometemos erros, enganos, perdemos o controle, mas existe a tal segunda chance. Agarre ela. Repetir ou evoluir está sempre na pauta. Amadurecer dá trabalho, é um baita esforço interno, mas traz felicidade, paz, produz relações harmônicas, prazerosas e funcionais. Vale a pena!

Repetir ou evoluir está sempre na pauta

E nas relações de amor, o cuidado ao se expressar não deveria estar naturalmente implícito nelas?

Parece um grande paradoxo machucar a quem se ama. Infelizmente, nem sempre funciona desta forma, por motivos mais profundos que precisam ser analisados e transformados. O diálogo, a fala, a escuta, a exposição das dificuldades, a tentativa de entender o outro, decifrar a origem das reações, emoções e sentimentos que carregamos, são alguns recursos que produzem uma nova visão, não fragmentada. Compreender o todo é primordial para a busca de soluções de conflitos. Num cenário assim, de apoio mútuo, consegue-se estimular a força transformadora de cada um.

Quando temos alguma consciência do que desperta as nossas feras internas, fica bem mais fácil controlá-las.

Respirar fundo e pensar antes de agir muda o destino de uma noite, de uma relação, de um casamento, de uma vida.

O que nos afeta a ponto de soltarmos às rédeas da fera?

Por que ?

O que é a fera?

Quando ela deve ser solta e quando ela deve ser dominada?

Quando temos alguma consciência do que desperta as nossas feras internas, fica bem mais fácil controlá-las

A fera é uma autoproteção violenta, agressiva, um instinto de defesa animal, que existe dentro de todos nós. As vezes necessária porque nos traz uma força sobrenatural capaz de tirar um filho da boca de um tubarão. A fera é irracional e destemida. Mora dentro da gente e é despertada quando algum alarme interno toca. Perigo! Atacar! Tudo bem se for para se salvar ou salvar alguém, o problema é quando ela joga uma bomba num jardim. Essa é a ferocidade destrutiva. Ela existe em maior grau ou menor grau dentro de todos, mas precisamos discernir para não deixá-la vir a tona e fazer um estrago numa relação que cresceria belamente num campo não minado.

Existem pessoas mais passionais, e essas são as mais afetadas pela pressão das feras internas. A pulsão é forte, a raiva sobe rápido, mas pode ser trabalhada e dominada. Existem muitos recursos que ajudam a acalmar a “fera”. Terapia, meditação, yoga, técnicas de respiração, entre outros.  E principalmente, canalizar essa energia toda para algo construtivo. Dar vazão, mas com uma direção saudável. É como colocar rédeas no seu cavalo selvagem. Ele vai pra onde você manda. Quem manda é você, sua mente, não o animal. Essa energia pode ser direcionada para algo construtivo, como garra pra trabalhar, criar, lutar, fazer esportes, superar desafios, fazer um solo de guitarra e muitas outras coisas que precisam deste fogo! Gastar a energia acalma. É um trabalho diário. Pulsão de vida! A pulsão pode ser de vida, de construção, de alegria, de prazer ! O estrago é usar a pulsão pra destruir. Direcionar essa pulsão é escolha, treino, poder.

Direcionar essa pulsão é escolha, treino, poder

 

Então quando a fera começar a tomar forma, encare ela e use a razão. Convoque também o Amor e a luz. Caso realmente tenha sido afetado, fale sobre o que sentiu. Coloque pra fora, converse ao invés de partir pra agressão. Seja um agente de transformação sua e do outro, talvez tudo que ambos precisem seja desta chance para reflexão.

No fundo a fera só quer se defender porque se sentiu ameaçada, agredida, desrespeitada. E não vai deixar ninguém abusar dela, só ainda não se deu conta que pode fazer isso sem precisar rosnar e morder.

Fotografia: Monica Silva