A primeira regra do amor é que não há regras e se você achar alguma quebre-a.

Recentemente vi uma terapeuta dando dica para solteiras nas redes sociais sobre fazer uma lista do que você espera num parceiro. Decidi estrear a coluna dando minhas próprias dicas. Após longa reflexão sobre o que esperar de um parceiro concluí que tenho uma lista em branco para vocês.

Caso voltasse Afrodite, a deusa do amor, dos campos Elíseos e aportasse nas praias cariocas, ficaria chocada e não seria pela vestimenta, pois corpos sarados ao sol já faziam verão na Grécia há muito tempo, mas sim pelos nossos atuais hábitos amorosos.

Acho que ela provavelmente arrumaria emprego de conselheira amorosa em programa de TV, ou consultório analítico. No primeiro caso, imagino as cartinhas que escreveríamos para a deusa do amor pedindo ajuda. Suas antigas devotas escreviam poemas sobre a entrega amorosa, mas hoje em dia, acho que nosso dialogo seria mais prático. Talvez, ela recebesse listas do que esperamos no melhor estilo “ O Segredo”, com as vinte cinco características básicas que esperamos na alma gêmea: bonito, bom de cama, rico (ou pelo menos bem-sucedido), bom de cabeça, engraçado, alto astral, independente, sabe me fazer feliz, bem-dotado e etc….

Com certeza, ela responderia que não estamos esperando amor, mandaria- nos escrever para Hera, senhora das aparências e status quo, e nos enviaria seu filho, Cupido. Este por ser uma criança é inconsequente e suas flechas sempre provocam o inesperado, não respeitam nossas listas, nem planos e nos fazem entrar em romances nos quais somos peneiradas para termos que nos reinventar junto com o amor.

Quando penso na mulher contemporânea, muitas vezes me vem à mente a figura de Kali com dezenas de braços representando nossas multitarefas e a boca aberta com língua de fora, que no nosso caso seria de cansaço; os cabelos para cima que na imagem da deusa são sinal da mulher selvagem, no nosso caso seria mais de falta de tempo por sermos tão consumidas por múltiplas jornadas. E quando aparece um sujeito que vos ama, vos completa, mas não preenche os requisitos da vossa lista, pronto, bola preta nele! Afinal, nós , Super – Mulheres, não podemos aceitar nada menos do que Super- Homens , correto?

O amor é uma arvore de muitas raízes, mas em todas está escrito troca. No fim das contas o que faz duas pessoas ficarem juntas não é a mistura que “deu certo”, mas porque se escolheram. Amor não é sobre pagar contas, andar no carro do ano, ter alguém sem problemas que te põe para cima o tempo todo como se fosse sua dose particular de Prozac, mas sim sobre estar remando juntos no mesmo barco.

O mais importante, queridas leitoras, é quando você estiver numa relação, não se esquecer que toda deusa do amor já foi um dia deusa da guerra, não por acaso, mas porque não basta encontrar a pessoa certa, esta é só a primeira parte. Depois, terás que arar o terreno do amor e para isso precisa-se de duas pessoas dispostas a lutar nas trincheiras que surgem das fronteiras confusas dos relacionamentos, ou esquinas tenebrosas do ser. Portanto, quando chegar lá, se valer a pena e você escolher a ele e ele a você, siga as palavras de um famoso líder em tempos bélicos: lute no campo, lute na praia, lute na cidade, mas não seja derrotada jamais! Assim, poderá colher as sementes plantadas no solo das relações e não acabará como a poesia do Pablo Neruda – “ Tu serás daquele que te ame, daquele que corte na tua chácara o que semeei eu. ”

Dedico este texto a moça que me escreveu essa semana dizendo que terminou o casamento porque o marido que trabalha no Uber não consegue ganhar o suficiente para o projeto de vida dela e mesmo apaixonada por ele, gostando do sexo e achando ele excelente pai de duas filhas, resolveu mandar para ele uma planilha de como preencher suas expectativas e sair de casa, deixando a ele a árdua tarefa de ser digno dela enquanto cria sozinho as duas filhas. Querida, talvez um dia ele seja digno das suas expectativas, mas será que você é digna aos olhos do amor?

PS.: mande histórias de amor para mim, sejam tristes ou felizes vou transformar em contos.