Eu buscava no amor uma solução tão absoluta que trafegava nos relacionamentos com uma pressa excessiva, à espera de que o grande golpe me acometesse. Mas o dia amanhecia sempre fora de mim e as horas tinham um peso exaustivo quando anoitecia.  

Eu buscava no amor um entusiasmo tão grande que não valorizava a coragem que eu tinha de simplesmente acordar e enfrentar a vida. E por não saber enfeitar momentos eu ignorava a pulsação que havia em cada coisapois eu confundia respiração com ofegância. 

Foto Dylan Siebel

Eu buscava no amor tudo que pudesse ser extraordinário e nem percebia que existiam alegrias disponíveis em cada instante e que a falta de paz não vinha de uma alegria ausente, a paz estava muitas vezes numa pausa da euforia dentro de qualquer simplicidade. 

Eu buscava o amor com uma compreensão infantil e, para ter o tamanho adequado de um colo, eu me recusava a crescer. Mal sabia que o que eu precisava não era de colo, mas de um amparo. 

Eu buscava no amor a solução tão absoluta pra tudo que o ignorei tantas e tantas vezes porque estava muito ocupada transformando-o em um problema.