A igreja católica e a monarquia, cada uma com os seus cada quais, estão ruindo a passos largos. Ambas são conhecidas por serem instituições milenares e teoricamente bem estruturadas. Só que não… Enquanto o jovem casal real, Harry e Megan, opta por levar uma vida solo, nomear seu primogênito sem seguir cartilha alguma, trabalharem em suas vocações e viverem do seu próprio dinheiro, a coroa britânica não teve outra coisa a fazer senão concordar e deixá-los ir, (com ou sem as bênçãos da vovó). Pelo menos para o grande público e sorrindo em frente às câmeras, dando declarações de normalidade e de vida que segue.     Certos ou errados, e aqui não nos cabe julga-los, há um evidente grito de independência e uma necessidade de denunciar uma instituição, hoje retrógrada e sem sentido, custeada pelo povo, fazendo apenas figuração em eventos glamourosos, vestindo-se com primor e rezando “by the book”. Eles geram receitas ao país?

Lógico que geram. Mas o trato sempre foi este…

A questão aqui é outra: será que cabe, em pleno século XXI, num mundo tão cheio de desigualdades, ainda haver carruagens, plumas ou cerimonias uniformizadas com capas e espadas? Reis, rainhas, príncipes e princesas saídos dos contos de fada diretamente para afagar e alimentar a fantasia das pessoas, porém com pouca serventia prática. No mundo do Deus Católico, não tem sido diferente. A igreja vem perdendo seus fiéis a passos largos e o cristianismo se fragmentando em mil pedaços fazendo surgir novas vertentes, padres, pastores, bispos e mestres propagadores da fé por todos os cantos. O papado, em desespero, divide suas autoridades, Ratzinger e Bergoglio. Um, conservador, mas bastante realista e que há muito já previa o esfarelamento da igreja. O outro, vanguardista, insistindo num olhar mais dedicado aos pobres e necessitados e pregando por modernizar a instituição religiosa, visivelmente retrógrada e falida, sobrando apenas seus belos templos enfeitados com pompa, torres, ouro, prata e ninguém, além de curiosos visitantes… Independentemente de quem está ou não com a razão, há uma deflagrada ruptura nos alicerces da fé. Imagino eu que São Pedro deva estar se contorcendo de aflição e sacudindo suas chaves do paraíso, nas portas do céu…

Nesses tempos de Plutão Saturno, onde um entra para quebrar e o outro para limitar, veremos muitas instituições deste porte, literalmente, se esfiaparem. Penso que a razão deste astral é fazer com que mudemos o foco, entendendo que não existe planeta B, que os recursos naturais são limitados e que a natureza (real e simbólica) não tem mais espaço para aguentar maus-tratos e deboche. Seja qual for a crença, filosofia ou ponto de vista de cada um, todos obviamente dignos de respeito, o mundo grita por socorro implorando por um pouco de atenção, uma vez que seus limites foram para lá de esgotados. Este retrato é apenas uma pequena mostra daquilo que não tiver mais solidez, estrutura ou minimamente como se manter independente ou de pé, irá, sim, pelos ares. E não sobrará ninguém para contar a história, pois o astral fala da insustentabilidade e da impermanência de quem (ou daquilo) que não dá conta de si mesmo. As aparências estão com os dias contados, as mentiras e contos da carochinha não convencerão nem mais os recém-nascidos. Príncipes, princesas, sacerdotes e outras entidades terão que se responsabilizar e prover seus próprios meios, descendo de seus tronos ou altares, abandonando seus “castelos” em prol dos outros, ou até mesmo de um bem maior. E isto serve tanto para as figuras da corte quanto do poder, qualquer que ele seja. Inclusive nós, reles mortais.

Então o que fazer nesses tempos bicudos? Dar conta de mantermos as verdadeiras bases, os reais valores e tratarmos de construir casas sólidas, dispensando os castelos de cartas e os sonhos absurdos.