O amor arregaçou as mangas e me transformou no seu material de trabalho. Tive que receber o agora e expurgar do corpo os detritos de desafeto, os entulhos emocionais, todos os sentimentos tóxicos que comprimiam o peito. Tive que silenciar os gritos internos do medo para tornar audível o sussurro da intuição conectada com o Divino. O amor atuou em mim desencadeando impulsos efetivos de afeto. E fui me transmutando numa carícia energética para tudo que estava ao meu alcance. 

O amor abriu os braços da minha mente para que eu pudesse abraçar todas as dimensões do desconhecido com a inocência que a entrega exige. E se instalou feito manhãzinha de sol que vai iluminando aos poucos as dores do mundo para trazer a cura bonita que habita nessa zona dinâmica do desconforto.

Foto Cristian Newman

Tive que me olhar longamente sem quaisquer farpas de rejeição e acolher a menina em meus olhos. O amor orientava caminhos sem impor qualquer trajeto: ele ativou os meus passos e me deu orientação. E pude me encharcar dessa chuvinha intermitente de qualquer coisa muito simples, muito clara, muito límpida que me desvencilhava da necessidade de controle que vinha do Ego. E pude me aproximar com aceitação amorosa do meu reflexo no Outro. E o amor foi extinguindo do vocabulário do meu coração todos os pronomes possessivos pra aumentar a minha linguagem assertiva.

E, à medida que o amor não me prendia a nada, abriam-se para mim a possibilidade de experienciar, imensamente, tudo.


Autora de 4 livros: FLORES DE DENTRO, QUANDO AS PALAVRAS SE ABRAÇAM, AINDA É MUITO CEDO PRA SER TARDE DEMAIS e MATRIOSKA.

Para saber mais sobre a autora: marladequeiroz.com

Para adquirir os livros da autora autografados contacte: marlegria@gmail.com