Primeiro livro infantil da editora, poeta e tradutora Thereza Christina Rocque da Motta, “A Fada das Pedrinhas” (selo Bisbilibisbalabás, da Ibis Libris Editora), com ilustrações de Felipe Trigueiro, é um conto de fadas sobre uma menina que ainda não conhece seu pai, que partiu para lutar nas Cruzadas, durante a Idade Média, que ocorreram entre os século 11 e 13. Como era dia de Ano Novo, sua mãe queria fazer uma torta de morangos para comemorarem juntas e lhe pediu que fosse colher as frutinhas na floresta. Lá encontra a Fada das Pedrinhas e resolve trazê-la para casa. Mal sabia o quanto a sua vida iria mudar a partir daquele dia. Um conto em que a bondade e o amor incondicional falam mais alto.

O conto se passa durante a Idade Média (476-1453), antes da mudança para o calendário atual, quando o Papa Gregório XIII mudou a data do Ano Novo de 1ª de abril para 1º de janeiro, para ficar próximo ao Natal no dia 25 de dezembro. Além disso, foram tirados dez dias do calendário: todos foram dormir no dia 4 e acordaram no dia 15 de outubro de 1582. A história acontece na primavera europeia (que começa em 21 de março) e não no inverno, quando se passou a comemorar o Ano Novo na Europa.

“Escrevi este conto de fadas online no chat da plataforma de mensagens instantâneas ICQ, muito em voga na época, em 1998, a pedido de um amigo, que me solicitou uma história antes de ir dormir. A partir de então, demorei 20 anos para publicar meu primeiro livro infantil, até encontrar alguém que pudesse ilustrá-lo”, relembra Thereza.

Transformando pedra em pão

No decorrer da história, em sua busca por morangos na floresta, a fadinha se depara com um senhor idoso que lhe pede algo para comer:

– Eu só tenho morangos – diz a menina.

– Morangos? Mas eu quero pão…

– Não tenho pão, meu senhor… Só uma pedrinha.

– Esse serve – disse o senhor.

A autora diz ter ficado surpresa ao se referir, no livro, à transformação da pedra em pão, sem se lembrar de onde havia tirado isso. “Foi quando me lembrei da passagem bíblica no Sermão da Montanha”: ‘Quem dentre vós dará uma pedra a seu filho, se este lhe pedir pão?’ “As aulas de religião no Colégio Santa Úrsula ficaram mais arraigadas em mim do que eu supus. Escrevi o conto se saber como ele iria terminar e o final também me pegou de surpresa. Não há uma vez que eu o leia que não chore”, conclui a autora.

Sobre a autora:

Thereza Christina Rocque da Motta nasceu em São Paulo, em 10 de julho de 1957, é poeta, advogada, editora e tradutora pública. Chefe de pesquisa brasileira do Guinness Book, o Livro dos Recordes, em 1992, e coordenadora de pesquisa da redação de Projeto Especiais, ambos na Editora Três, até 1995. Publicou Relógio de sol (Poeco, 1980), Papel arroz (Poeco, 1981), Joio & trigo (Poeco, 1982 e 1983, Ibis Libris, 2004), Areal (Geração/Dolfin, 1995), Sabbath (Blocos, 1998), de forma independente e, pela Ibis Libris, Alba (2001), Chiaroscuro (2002), Lilases (2003), Rios (2003), Marco Polo e a Princesa Azul (2008), O mais puro amor de Abelardo e Heloísa (2009), Futebol e mais nada: Um time de poemas (2010), A vida dos livros (crônicas, 2010), Odysseus & O livro de Pandora (2012), Breve anunciação (poema dramático, 2013), As liras de Marília (poema histórico, 2013), Capitu (novela, 2014), Folias e Horizontes (2014), Lições de sábado (crônicas, 2015), Intemperanças (2016), Minha mão contém palavras que não escrevo e Pandora (2017), Lições de sábado 2, O amor é um tempo selvagem e A vida dos livros Vol. 2 (2018), além de ter participado de diversas antologias, entre elas, Poemas cariocas e Ponte de Versos. Tem livros inéditos, entre eles, Sheherazade de contos, Nefertiti, Guinevere e Francesca da Rimini, de poesia, e a tradução dos Sonetos da Portuguesa, de Elizabeth Barrett Browning. Traduziu, entre outros, A sereia e o monge, de Sue Monk Kidd (Prestígio, 2006), republicado com o título original A Cadeira da Sereia (Companhia das Letras, 2016), Marley & Eu, de John Grogan (Ediouro, 2006), Os diários secretos de Agatha Christie (Leya, 2010), A Dança dos Sonhos, de Michael Jackson (Ibis Libris, 2011), 44 Sonetos escolhidos (Ibis Libris, 2006), 154 Sonetos (Ibis Libris, 2009) e 101 Sonetos de Amor (2016), de William Shakespeare, O Corvo, de Edgar Allan Poe (Ibis Libris, 2013) e O Unicórnio e outros poemas, de Anne Morrow Lindbergh (Ibis Libris, 2015). Tomou parte da Conference on World Affairs, na Universidade do Colorado, Boulder, EUA, em 2002, 2003 e 2005. É membro da Academia Brasileira de Poesia (Petrópolis) e do PEN Clube do Brasil (RJ). Fundou a Ibis Libris em 2000.

Sobre o ilustrador:

Felipe Trigueiro demonstrou, desde criança, ter interesse e aptidão para o desenho, mas após cursar a graduação de Desenho Industrial (Comunicação Visual), sua paixão pelas artes ganhou novos caminhos, trilhando pelas artes plásticas, o design gráfico e a ilustração.