O amor pode durar para sempre, mas o relacionamento dura somente o tempo em que nos dedicamos a cuidar dele. No fim das contas, quando a relação atinge níveis de dificuldade extremos, é melhor se separar pelos motivos certos do que continuar juntos pelos motivos errados.

Nietzsche, filósofo alemão do século XIX, disse que só existe uma pergunta a ser feita quando se pretende estar ao longo de alguém por uma vida inteira: “continuarei a ter prazer em conversar com esta pessoa daqui a 30 anos?”. Se olharmos atentamente, veremos que a relação amorosa de longa duração é sustentada em grande parte pelo tênue vínculo do diálogo.

As vezes as separações não acontecem por traição ou desentendimentos decisivos, e sim pelo desgaste diário das pequenas coisas, dos pequenos gestos e até das pequenas modulações de voz. Sutilezas que passam despercebidos por quem faz ou diz. No entanto, são justamente esses detalhes que destroem gradativamente a saúde do relacionamento com o passar dos dias. É difícil perceber. As pessoas só se dão conta nas vésperas; no fim. Uma vez que a relação trinca, infelizmente não há conserto. Os fantasmas de um relacionamento abalado assombram o casal para sempre.

Nenhuma relação é perfeita porque as pessoas são imperfeitas. A busca pelo equilíbrio através do esforço diário em fazer o melhor possível é a chave para uma relação duradoura, mas isso não muda o fato de que ela sempre chegará ao fim. Seja pelas circunstâncias da realidade ou por imposição da morte, o relacionamento um dia terminará. Como todos sabem, o fim do relacionamento deixa sempre um gosto amargo; deixa também cicatrizes profundas e um punhado de sonhos demolidos.

É inquietante a ideia de se relacionar prevendo o fim. Mas por outro lado, a consciência do fim inevitável permite o surgimento de um poderoso impulso que anseia aproveitar cada momento como se fosse o último, e desfrutar da eternidade oculta no trânsito dos segundos.

Lao Tsé, um grande sábio do oriente antigo dizia: “cuide do fim como você cuida do começo, e não fracassará”. A compreensão de que o término não é o fim do amor, mas apenas o fim da jornada a dois, permite que ambos não saiam desiludidos da relação, e por vezes, em ocasiões extremamente raras, os dois podem seguir mais maduros e fortes, apesar da dor que inevitavelmente se apresenta em todo fim.

Foto: Henri Pham